domingo, 11 de dezembro de 2016

O PASSE ESPÍRITA



O PASSE NA VISÃO DE HERCULANO PIRES

De acordo com Herculano Pires, o passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do cristianismo primitivo, marcado por rituais, como o sopro, a fricção das mãos, ou mesmo, a aplicação de saliva e barro no doente.
O autor alerta para fato de Jesus agir sempre de maneira anti-ritual, sugerindo que as descrições, feitas entre quarenta e oitenta anos após sua morte, terem sido influenciadas pelos costumes religiosos da época. Até porque a proposta de Jesus era justamente afastar os homens das superstições vigentes à época. As incoerências históricas podem ter vindo dos evangelistas, e não de Jesus.
O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista.
Herculano é enfático ao afirmar que todo o poder e toda a eficiência do passe espírita dependem do Espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo.
Palavras do autor: Espíritos realmente elevados não aprovam, nem ensinam práticas e técnicas do passe, que não sejam a prece e a imposição de mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante às ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.
O autor reforça que a forma de se erguer as mãos para o alto para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, dentre outras práticas, só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas pilhas mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, as correntes de mãos dadas (correntes magnéticas) ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo antigo, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.
Herculano classifica como tolices essas práticas, que seriam resultantes do apego humano às formas de atividades materiais. Segundo ele, queremos dirigir, orientar os fluidos espirituais como se fossem correntes elétricas e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós.
O autor lembra também que o passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficientemente humilde para compreender que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário. Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles? Muitas vezes os Espíritos recomendam que não se faça movimentos com as mãos e os braços para não atrapalhar os passes.
O passe espírita é PRECE, CONCENTRAÇÃO e DOAÇÃO. Quem reconhece que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual.
Palavras de Herculano Pires, eminente pesquisador espírita das décadas de 1960 e 1970 e que, segundo observou Emmanuel (mentor de Chico Xavier) foi o “metro que melhor mediu Kardec”. Bastante propícias essas observações para os dias de hoje, quando vemos tantas ‘novidades’ sendo incorporadas aos Centros Espíritas, de forma desnecessária.

REFERÊNCIA
PIRES, J. Herculano Obsessão, O Passe, A Doutrinação 5. ed. São Paulo: Paideia, 1992.



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