quinta-feira, 16 de abril de 2015
SUICÍDIO E LOUCURA
SUICÍDIO E LOUCURA
A calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a
vida terrestre e na fé no futuro, dão ao espírito uma serenidade que é o melhor
preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria
dos casos de loucura são devido à comoção produzida pelas dificuldades que o
homem não tem força de suportar; se, pois, pela maneira que o Espiritismo o faz
encarar as coisas deste mundo, ele recebe com indiferença, com alegria mesmo,
os reveses e as decepções que o desesperariam em outras circunstâncias, é
evidente que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, preserva sua
razão dos abalos que, sem ela, o sacudiriam.
Ocorre o mesmo com o suicídio; excluídos aqueles que se
efetuam no estado de embriaguez e de loucura, e que podemos chamar
inconscientes, é certo que, quaisquer que sejam os motivos particulares, têm
sempre por causa um descontentamento; ora, aquele que está certo de não ser
infeliz senão por um dia, e de serem melhores os dias seguintes, tem facilmente
paciência; ele só se desespera se não vê termo para seus sofrimentos.
Que é, pois, a vida humana em relação à ETERNIDADE, senão
bem menos que um dia? Mas para aquele que não crê na eternidade, que crê que
tudo nele se acaba com a vida, se está oprimido pelo desgosto e pelo infortúnio,
não vê seu termo senão na morte; não esperando nada, acha muito natural, muito
lógico mesmo, abreviar suas misérias pelo SUICÍDIO.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as
ideias materialistas, numa palavra, são os maiores excitantes ao suicídio: elas dão a COVARDIA MORAL.
Quando se veem
homens de ciência se apoiarem sobre a autoridade do seu saber para procurarem
provar aos seus ouvintes, ou aos seus leitores, que eles nada tem a esperar
depois da morte, não os conduzem a essa consequência de que, se são infelizes,
nada tem melhor a fazer do que se matar? Que lhes poderiam dizer para disso
desviá-los? Que compensação poderiam lhes oferecer? Que esperança poderiam lhes
dar? Nenhuma coisa senão o nada. De onde é preciso concluir que se o nada é o
único remédio heroico, a única perspectiva, mais vale nele cair imediatamente
que mais tarde e, assim, sofrer por menos tempo.
A propagação das ideias materialistas é, pois, o veneno
que inocula em um grande número de pessoas o pensamento do suicídio, e aqueles
que se fazem seus apóstolos assumem sobre si uma terrível responsabilidade. Com
o Espiritismo, não sendo mais permitida a dúvida, o aspecto da vida muda; o
crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente além do túmulo, mas em
outras condições; daí a paciência e a resignação que o afastam naturalmente do
pensamento do suicídio; daí, numa palavra, a CORAGEM MORAL.
O Espiritismo tem, ainda, sob esse aspecto, um outro
resultado também positivo, e talvez mais determinante. Ele nos mostra os próprios
suicidas vindo revelar sua posição INFELIZ, e provar que ninguém viola
impunemente a lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar sua vida. Há entre os
suicidas aqueles cujo sofrimento, por não ser senão temporário ao invés de
eterno, não é menos terrível, e de natureza a dar o que pensar a qualquer que
fosse tentado a partir daqui antes da ordem de Deus.
O espírita tem, pois, para contrabalançar a ideia do
suicídio, vários motivos: a certeza
de uma vida futura, na qual ele sabe
que será tanto mais feliz quanto tenha sido mais infeliz e mais resignado na
Terra; a certeza de que abreviando sua vida, alcança um resultado justamente
contrário ao que esperava; que se livra de um mal para chegar a um pior, mais
longo e mais terrível; que se engana se crê, em se matando, ir mais depressa
para o céu; que o suicídio é um obstáculo para que ele se reúna, no outro
mundo, aos objetos das suas afeições que esperava ali reencontrar; de onde a
consequência de que o suicídio, não lhe dando senão decepções, está contra os
seus próprios interesses. Igualmente o número dos suicídios impedidos pelo
Espiritismo é considerável, e pode-se disso concluir que, quando todo mundo for
espírita, não haverá mais suicídios conscientes. Comparando-se, pois, os
resultados das doutrinas materialista e espírita, sob o único ponto de vista do
suicídio, vemos que a lógica de uma a ele conduz, enquanto que a lógica da
outra dele desvia, o que está confirmado pela experiência.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAP V – item 4 a 17 -
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