terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Qual é a minha missão?

Muitos se perguntam sobre a sua missão na Terra. Existem os Espíritos missionários que realizam grandes obras e auxiliam muitas pessoas como Chico Xavier, Gandhi dentre outros. No entanto, somente o fato de se estar reencarnado já denota um propósito divino, espiritual, porque nada é inútil na Natureza.
Na questão 132 de O Livro dos Espíritos Kardec pergunta aos Espíritos: qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? E eles respondem que sua finalidade é permitir ao Espírito chegar à perfeição. Dizem ainda que a encarnação visa colocar o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação. Para executá-la, concluem, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. Assim concorre para a obra geral.
A questão posta é que todos, sem exceção, contribuem com a obra divina. Pode-se fazer uma analogia ainda que precária, com a construção de um grande edifício na Terra em que é contratada uma empreiteira. Cada funcionário dessa empreiteira tem uma função a desempenhar para que o prédio se concretize e, quanto maior o prédio, maior o número de funcionários.
Na empreiteira divina, Deus é o dono do prédio, Jesus é o encarregado e todos os habitantes do planeta, os funcionários. Esse prédio, que pode ser o mundo de regeneração tão esperado, só se concretizará se todos, todos mesmo, realizarem sua parte, da melhor maneira possível.
Os impedimentos na conclusão da obra são o orgulho, a vaidade e o egoísmo, que são grandes pedras a serem quebradas para permitir a construção do novo mundo. Até para realizar uma função o homem quer ser grande, fazer algo que apareça, é quando o orgulho fala mais alto. Kardec também se preocupou com isso ao perguntar aos Espíritos na questão 571: somente os Espíritos elevados desempenham missões? E a resposta não poderia ser melhor: a importância das missões corresponde às capacidades e à elevação do Espírito. O estafeta que leva um telegrama ao seu destino também desempenha uma missão, se bem que diversa da de um general.
Satisfazendo a curiosidade de todos, os Espíritos respondem a Kardec na questão 573 que a missão dos Espíritos encarnados é instruir os homens, auxiliando o seu progresso; é melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo na Natureza se encadeia. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.
Em suma, o objetivo da encarnação é fazer o bem, no entanto, os próprios Espíritos afirmam na questão 574 que há pessoas que vivem só para si mesmas, que não sabem tornar-se úteis ao que quer que seja. Acabam por experimentar, ainda nessa vida, o aborrecimento, o desgosto, o tédio que uma vida ociosa apresenta. Um dia compreenderão, à própria custa, os inconvenientes da inutilidade a que se votaram e serão os primeiros a pedir que se lhes conceda recuperar o tempo perdido.
Embora se ignore a missão, estas acabam se desenhando à sua vista. Deus impele o homem para a senda onde devam executar os seus desígnios. A própria paternidade, dizem os Espíritos, pode ser considerada uma verdadeira missão. É um grande dever que envolve mais responsabilidade do que se pensa em relação ao futuro. Deus coloca o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilita a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões.
Kardec sabiamente complementa no livro O Céu e o Inferno que cada encarnado tem a sua missão, isto é, deveres a preencher a bem de seus semelhantes, desde o chefe de família, a quem incumbe o progresso dos filhos, até o homem de gênio que lança às sociedades novos germens de progresso.
Cabe a cada um conscientizar-se, a partir das explicações de Kardec no livro citado, de que a vida espiritual em todos os seus graus é uma constante atividade e que os encargos de cada tarefa deve ser experimentada como uma verdadeira felicidade.
Na obra divina não há favores, nem privilégios que não sejam o prêmio ao mérito; sendo tudo medido na balança da estrita justiça. As atribuições dos Espíritos são proporcionais ao seu progresso. Trabalhar para progredir, progredir para trabalhar mais e mais e, nessa oportunidade de trabalho encontrar a tão desejada felicidade.
Que cada um faça o seu melhor, no local onde foi colocado, com aqueles com os quais convive, para promoverem a paz.
REFERÊNCIA:
KARDEC, Allan A Revista Espírita 1859, trad. Julio Abreu Filho, Catanduva, SP: EDICEL, 2016.
____________ O Céu e o Inferno 2. ed. Trad. Manuel J. Quintão, Rio de Janeiro: FEB, 2011
____________ O Livro dos Espíritos 93. ed. Trad. Guillon Ribeiro, Brasília, DF: FEB, 2013



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