sexta-feira, 27 de março de 2020

Recordações do Passado – Um exemplo de mediunidade em criança



Yvonne do Amaral Pereira em seu livro Recordações da Mediunidade apresenta a possibilidade de os fenômenos mediúnicos ocorrerem desde a infância. No caso dela, a partir dos 29 dias de vida, num processo de letargia, quando quase foi enterrada vida, não fora as preces de sua mãe à Maria Santíssima.
A médium interpreta esse acontecimento como um sinal de que ela precisaria passar por provas e testemunhos que a vida lhe exigiria, por ter sido um Espírito rebelde em outra existência.
Ela continua sua interpretação dizendo: “ingressando na vida terrena para uma encarnação expiatória, eu deveria, com efeito, morrer para mim mesma, renunciando ao mundo e às suas atrações, para ressuscitar o meu Espírito, morto no pecado, através do respeito às leis de Deus e do cumprimento do dever, outrora vilipendiado pelo meu livre-arbítrio”.
Em sua primeira infância a autora já apresentava alguns fenômenos mediúnicos, como o desdobramento, que é quando o perispírito se distancia parcialmente do corpo físico. Aos quatro anos de idade já se comunicava com os Espíritos desencarnados, pela visão e audição, sendo para ela um fenômeno natural, porque os Espíritos   lhe pareciam muito concretos, muito vivos.
Esse exemplo real é um ensinamento aos pais para que observem melhor o comportamento dos seus filhos e suas expressões verbais. Não raro se observa crianças na tenra idade comentar sobre avós ou tios desencarnados e serem advertidas pelos genitores quando, na verdade, deveriam ser ouvidas e o caso apreciado com outro olhar.
Para a criança, assim como para Yvonne, o fenômeno é visto com naturalidade, até que um adulto lhe coloque medo e a proíba de falar a respeito desse assunto. Esse tema foi bastante explorado no filme norte americano O Sexto Sentido (Shyamalan, 1999). 
Isso não significa que se deva levar uma criança a um centro espírita para desenvolver a sua mediunidade. O próprio Kardec fez essa pergunta aos Espíritos (O Livro dos Médiuns, cap. XVIII): Será inconveniente desenvolver-se a mediunidade nas crianças? A que os Espíritos responderam: certamente, pois há o risco desses organismos ainda delicados sofrerem fortes abalos, além de superexcitar a sua imaginação. 
No entanto, Kardec faz uma observação quanto às manifestações espontâneas da mediunidade em crianças: nesses casos a criança comentaria, sem dar muita importância ao fato e com o passar do tempo acaba se esquecendo.
Se o fenômeno persistir, cabe aos pais ensinar-lhes o respeito aos Espíritos, encaminhá-las para as aulas de Evangelização Infantil que, geralmente, existem nos Centros Espíritas e não forçar jamais o seu desenvolvimento em trabalhos mediúnicos, até que estejam maduras para esse mister. 
É bom lembrar que não se deve fantasiar esses fatos com ideias preconceituosas e sem fundamentos. Não classificar essas crianças como anjos, nem tampouco como demônios e nem mesmo como crianças especiais, já que se trata de um fenômeno inerente ao ser humano e não um "dom" ou privilégio. É importante introduzi-la também nas reuniões do Evangelho no Lar com leituras apropriadas e esclarecedoras.
No caso de Yvonne ela explica da seguinte maneira o fenômeno observado por ela na infância: "ao meu entender eram pessoas da família e por isso, talvez, jamais me surpreendi com a presença deles. Uma dessas personagens era-me particularmente afeiçoada - eu a reconheci como pai e a proclamava como tal a todos os de casa, com naturalidade".
Corroborando o que os Espíritos disseram a Kardec sobre o esquecimento do fato, diz Yvonne: "tudo me parecia comum, natural, e, como criança que era, certamente não poderia haver preocupação de reter na lembrança o assunto daquelas conversações". Ela tinha somente quatro anos de idade.
Aos oito anos, narra a médium, o fenômeno se repetiu. Desprendendo-se parcialmente do corpo físico, recebeu o primeiro aviso para se dedicar à Doutrina do Senhor e do que seria a sua vida de provações.
A pequena Yvonne participava do catecismo na igreja católica, encantava-se com as imagens existentes na igreja e as pinturas dos vitrais, não obstante fosse uma criança infeliz, por lembrar-se de uma vida passada, quando era rica e cheia de atenções, com seus desejos sempre atendidos, e, agora, tendo que viver com parcos recursos materiais, sem condições de atender-lhe as futilidades de outrora.
Foi nessa mesma época, aos oito anos de idade, que teve acesso ao seu primeiro livro espírita. Ela tinha muita fé, esperança e paciência na justiça divina, as quais foram reforçadas pela Doutrina do Senhor.
Com o conhecimento do Espiritismo e ciente da necessidade de se cultivar os fenômenos mediúnicos, Yvonne obteve ajuda para superar as dificuldades que trouxera para essa reencarnação expiatória, como resultado de uma passado espiritual desarmonizado com o bem.
Pelo que se pode perceber, Yvonne do Amaral Pereira foi, desde cedo, exemplo de médium que bem soube, de forma obediente e disciplinada, cumprir seu planejamento reencarnatório. Vale a leitura de seus livros, como obras doutrinárias.
REFERÊNCIA
KARDEC, A. O Livro dos Médiuns (trad. Evandro N. Bezerra) 2. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.
PEREIRA, Y. A. Recordações da Mediunidade 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.



segunda-feira, 23 de março de 2020

E o bem? Deixa para depois...



É comum ouvir dizer que a vida é eterna, e, cada existência, breve. No entanto, dependendo da atividade, esta parece longa e cansativa, principalmente se está relacionada ao trabalho no bem, ao servir o outro.
Talvez seja pelo fato de se habitar um mundo pouco evoluído e o bem parecer um fardo, um favor, uma penitência. Cansa-se muito fácil e qualquer apelo material é motivo para deixar de se realizar uma função, uma tarefa, uma causa, um cuidado.
Tanto é verdade que o benfeitor Emmanuel no livro Vinha de Luz, sob a psicografia de Chico Xavier, apresenta uma explicação de uma passagem evangélica (Mc 4:17) com o título “Depois”, em que elucida alguns comportamentos humanos.
Em determinado trecho, o autor espiritual lembra que há pessoas que aceitam o braço de um benfeitor, com alegria, manifestações de júbilo, mas, depois... quando desaparece a necessidade, surgem queixas descabidas e mesmo a ingratidão e a indiferença, costumando-se dizer: - “ele não é tão bom quanto parece”.
Em relação aos profitentes de alguma religião o que geralmente acontece, segundo Emmanuel, é que se começa uma tarefa caritativa com grande entusiasmo, contudo, depois... ao surgirem os primeiros espinhos, proclama-se a falência da fé, e chegam a dizer: “não vale a pena”.
Em se tratando de tarefa espírita já disse o grande expoente Raul Teixeira de Niterói, RJ: espiritismo não é para quem quer, é para quem aguenta.
Quando se é neófito no Espiritismo e começa-se a ler os livros luminosos da codificação e de Chico Xavier, principalmente, nasce um estímulo, que vem do alto, despertando o bem que dormita em cada ser, no entanto, depois...ao se perceber a exigência da disciplina e até um certo sacrifício para se alcançar a tão sonhada iluminação espiritual; quando se percebe que não é possível virar um Chico Xavier ou um Emmanuel da noite para o dia, ouve-se a reclamação: “assim também, não”.
Em outra ocasião é possível ajudar um companheiro na estrada, com extremado carinho, atenção e desvelo até que depois...se não há retorno imediato do que se está plantando, é possível ouvir: “não posso mais”.
Nessa hora é que se costuma por fim ao trabalho no bem, com o cansaço, o desânimo, a falta de hábito de ser para o outro, por falta da verdadeira implantação do bem no coração de quem deseja praticá-lo. Perde-se uma grande oportunidade e o indivíduo volta-se contra si mesmo. Em outra mensagem de Emmanuel no livro Caminho, Verdade e Vida ele assevera: “o serviço de Jesus é infinito”.
Infinito significa sem fim, ou seja, o trabalho no bem não deve terminar nunca, por isso não se deve cansar, entediar e, principalmente, desistir. Faz-se mister acostumar-se com o bem, para que um dia ele seja um processo natural em cada ser humano.
E reforça Emmanuel: Todos sabem principiar o ministério do bem, poucos prosseguem na lide salvadora, raríssimos terminam a tarefa edificante.
É realmente preocupante saber que muitos começam, poucos dão continuidade e somente alguns conseguem terminar.
Mensagem similar encontra-se em o livro Os Mensageiros, psicografado por Chico Xavier, quando o Espírito André Luiz ouve de Tobias, um dos trabalhadores de Nosso Lar, que o Centro de Mensageiros, localizado no Ministério das Comunicações da colônia, organiza turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. De lá partem milhares de Espíritos aptos ao serviço no bem, mas raros são os que triunfam.
E o Espírito Tobias prossegue: raros triunfam, porque quase todos estamos ainda ligados a extenso pretérito de erros criminosos que nos deformaram a personalidade. E adverte: em cada novo ciclo de empreendimentos carnais, acreditamos muito mais em nossas tendências inferiores do passado que nas possibilidades divinas do presente, complicando sempre o futuro.
Esse comportamento, segundo Tobias, faz com que se agarre ao mal e se esqueça do bem, interpretando a dificuldade como punição e não como oportunidade preciosa para os que já entendem a vida além da vida, além da matéria.
Voltando às considerações de Emmanuel, este continua sua análise dizendo que, quando se trata de desejos materiais, relacionados às paixões terrenas, com perigosas consequências para si mesmo, é possível uma realização rápida e sem reclamação, alcançando o fim desejado, a qualquer custo.
Facilmente se inicia uma discórdia, rapidamente se lança a uma desarmonia no ambiente, fácil dirigir palavras ferinas àqueles com os quais convive, assim como desrespeitar regras de bem viver, de trânsito, éticas.
O autor espiritual Emmanuel conclui suas observações com ar de lamento: é muito difícil perseverar no bem e sempre fácil atingir o mal. Todavia, depois...
REFERÊNCIA:
XAVIER, F. C. (Emmanuel) Caminho, Verdade e Vida 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994.
____________ (André Luiz) Os Mensageiros 47. ed. Brasília, D.F.: FEB, 2013
____________ (Emmanuel) Vinha de Luz Brasília, D.F.: FEB, 2014.




ESTÊVÃO

A história de Estêvão no Evangelho começa com um diálogo entre os discípulos de Jesus que continuaram seu trabalho atendendo aos mais necess...