quarta-feira, 1 de maio de 2019

EURÍPEDES BARSANULFO



Como homenagear esse espírita exemplar no dia do seu aniversário? O que se pode falar que já não tenha sido falado, escrito e estudado sobre esse homem que revolucionou Sacramento em Minas gerais?
Talvez para os Espíritas interesse mais a sua conversão ou o seu encontro com o Espiritismo.
Lembrar o episódio ocorrido em 1903 quando o seu tio, Sinhô Mariano em visita à família foi colocado para dormir no mesmo quarto de Eurípedes que, mesmo ainda jovem, possuía uma cultura filosófica e teológica que lhe propiciava bons argumentos numa discussão sobre espiritismo. Ele argumentava que essa doutrina era obra do demônio e não possuía consistência teológica.
Sinhô Mariano, ao contrário, possuía pouca cultura, não lhe restando argumentos consistentes para discutir com o sobrinho. Assim, provavelmente inspirado pela espiritualidade, resolve dar-lhe um livro espírita para ler, o livro Depois da Morte escrito por Léon Denis.
Eurípedes passa a noite toda “devorando” o livro. Ao amanhecer já tinha mudado a sua impressão sobre o espiritismo.
Esse é o ponto para a reflexão. Que emoção! Que descoberta! Que renascimento se deu a partir desse dia! Que momento luminoso esse!
O que essa obra deve ter despertado no coração, ou melhor, no Espírito desse homem? Assim como Saulo de Tarso, a luz revelou a verdade e a libertação se fez. E quando isso acontece, ninguém consegue ser mais o mesmo. Assim foi com Eurípedes Barsanulfo e também com muitos espíritas quando atenderam ao chamado.
Ao longo da semana seu tio lhe apresenta outras obras e periódicos e assim, aos poucos, Eurípedes vai se envolvendo cada vez mais com o Espiritismo.
No ano seguinte na companhia de um amigo Eurípedes vai assistir a algumas  sessões espíritas na fazenda de Santa Maria, reforçando ainda mais sua adesão ao espiritismo.
Não tinha mais dúvidas. Diante dos fatos, assume-se como espírita, rompe com seu trabalho na comunidade católica, entrega a presidência da Sociedade S. Vicente de Paulo, desligando-se dela definitivamente.
Começa então a enfrentar as críticas das pessoas, muitas delas mordazes. Diziam na cidade que o professor tinha ficado louco. Enfrentou resistência nas ruas, no trabalho, na família e na igreja.
Os professores do colégio que dirigia abandonaram suas funções, o proprietário pediu o imóvel, todos estavam contra ele.
Mesmo assim como espírita convicto, não esmoreceu. Fundou o Centro Espírita “Esperança e Caridade” em 1905 para que se realizassem estudos sobre espiritismo e serviços aos doentes através da homeopatia, com receituário mediúnico.
Questionado sobre o fato de o espiritismo ser religião argumentava que sim, era uma religião sem dogmas, sem hierarquias, sendo possível identificar seu aspecto religioso. Segundo Eurípedes “a religião é a faculdade ou o sentimento que nos leva a crer na existência de um ente supremo como causa, fim ou lei universal. O Espiritismo proclama a existência de Deus e reconhece o infinito das Suas perfeições”.
Barsanulfo reabre o colégio em sua própria casa e coloca o nome de Colégio Allan Kardec. O colégio existe até hoje.
O que aprendemos com Eurípedes Barsanulfo?
Dentre outras coisas pode-se aprender que ser espírita é muito mais do que ler, estudar e frequentar um centro Espírita. Ser Espírita é, em primeiro lugar, não ter receio de se dizer Espírita, adepto da Doutrina Espírita, mesmo sabendo que os narizes serão torcidos e que os comentários serão os mais desairosos.
Ser Espírita é divulgar o Espiritismo mais em atos do que em discursos e palavras. É teoria e prática ao mesmo tempo. Estuda-se o Espiritismo, o Evangelho de Jesus e sai a campo praticando a Caridade.
Aprender com aqueles que vêm antes e realizam a terraplenagem no solo árido que encontram para que hoje, cada um que se diz Espírita possa plantar a semente dessa Doutrina Consoladora e Esclarecedora, regá-la diariamente para colher os frutos quando se tiver crescido o suficiente para alcançá-los.
Isso é possível, isso é o esperado, isso compete a cada um. Deus abençoe e ampare a todos nessa tomada de decisão.
Gratidão a Eurípedes Barsanulfo por ter vindo, exemplificado e ainda continuar com todos os Espíritas na luta pelo bem, pela caridade, pela paz e pelo amor.
Salve Eurípedes hoje e sempre.
REFERÊNCIA                                           
BIGHETO, A. Cesar Eurípedes Barsanulfo, um educador de vanguarda na Primeira República. Bragança Paulista, SP: Ed. Comenius, 2006.

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