Em o livro Paulo e Estêvão,
Emmanuel apresenta em sua introdução a proposta da obra que seria, entre
outras, demonstrar que Paulo de Tarso não poderia chegar a bom termo de sua
missão, em ação isolada no mundo, ressaltando assim, a importância de um
trabalho em equipe.
Segundo o autor a vida de
Estêvão e de Paulo estava entrelaçada. Assim, a contribuição de Estêvão e de
outras personagens da história confirmam a necessidade e a universalidade da
lei de cooperação. O próprio Jesus procurou a companhia de doze auxiliares, a
fim de empreender a renovação do mundo.
Emmanuel enfatiza ainda que,
sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que
equilibra o Universo.
Kardec afirma (Livro dos
Médiuns, 2013) que o Espiritismo bem compreendido deveria oferecer um laço
forte que prenderiam os membros constituintes da sociedade, conhecida hoje como
centro espírita.
Em sua concepção, a
recíproca benevolência que reina entre todos os integrantes de uma sociedade
exclui o constrangimento e o vexame que nascem da suscetibilidade, do orgulho e
do egoísmo.
Kardec afirma que esse tipo
de sociedade só poderia existir se as pessoas se reunissem com o propósito de
se instruírem pelos ensinos dos Espíritos, e não na expectativa de presenciarem
fenômenos. Ele sugere, para isso, a formação de pequenos grupos que possam se
visitar entre si, permutar ideias e observações, procurando formar o núcleo da
grande família espírita.
Emmanuel adverte a cada
obreiro da seara espírita, por incumbir-se de tarefa específica, a indagar, de
quando em quando, a si mesmo:
O que tenho sido no grupo de
trabalho ao qual pertenço? Uma solução ou um agravante? Um companheiro assíduo
ou um assistente esporádico? Um amigo compreensível ou um crítico contumaz? Um bálsamo
ou um cáustico? Um enfermeiro do bem ou um doente a ser tolerado? Uma planta
frutífera ou um parasita destruidor? Uma bênção ou um problema?
Após essas observações,
orienta-nos Emmanuel para verificar se estamos simplesmente na Doutrina
Espírita ou se a Doutrina Espírita já está claramente em nós?
O autor lamenta ainda que
tem encontrado em quase toda parte, grupos formados em nome das interpretações
ou dos interesses daqueles que os constituem ou frequentam, sendo difícil
encontrar reuniões em nome de Jesus, porque é justamente nessas que os
discípulos despem a sua túnica da vaidade humana, para conhecerem a Vontade do
Mestre a respeito de suas vidas, consagradas ao Seu Serviço em todos os lugares
por onde cruzam os pés.
Manoel Philomeno de Miranda
em seu livro Perturbações Espirituais (LEAL, 2015), psicografado por Divaldo
Franco alerta sobre o comportamento observado de alguns grupos espíritas, em
que a intriga e a infâmia têm sido utilizadas para difamar companheiros,
lançando uns contra os outros, desgastando energia e tempo inutilmente.
Adverte, ainda que, embora
se pregue a tolerância, esta não tem sido praticada. Por mais que se explique
sobre a necessidade do perdão, da gentileza, da caridade no trato com todos,
comportam-se armados e muito insensíveis a qualquer palavra de admoestação que
interpretam conforme sua doentia situação, de modo a abrir feridas nos
sentimentos debilitados.
E continua dizendo que,
atormentados pelas paixões servis, transformam os núcleos espíritas, que
deveriam ser dedicados ao estudo, à oração, ao recolhimento dos sofredores, a
santuário de comunhão com o Mundo Espiritual superior, em clubes de
futilidades, de divertimentos, de comentários desairosos, de convívio para o
prazer e de lancharia comuns.
O autor alerta também para o
fato de que nessa fase de transição planetária, estão reencarnando antigos
déspotas e criminosos, genocidas e bárbaros, fanáticos religiosos, odientos e
zombeteiros, a fim de que aproveitem a sublime oportunidade de reparação e de
crescimento na direção do Bem.
Ele chama a atenção para
aqueles que procuram promover contendas e desentendimentos, transformando as
Instituições em campos de batalhas destrutivas, sem dar-se conta do prejuízo
moral e doutrinário que ocasionam.
Espíritas vaidosos, deixam-se
dominar por entidades intelectualizadas, mas de baixo nível moral, que os
mistificam, assacando acusações indébitas contra tudo e todos que lhes não
compartem as ideias esdrúxulas e extravagantes.
E adverte a todos dizendo
que a hora exige atenção e cuidado, ante o número expressivo de lobos
disfarçados de ovelhas, com vozes mansas e veneno nas palavras, que aparentam
humildade forçada e são possuidores de ira incontrolável.
O autor faz um apelo para
que a Instituição Espírita de hoje possa evocar a Casa do Caminho, onde Pedro,
Tiago e João viveram os ensinamentos de Jesus e mantiveram a continuação do
contato com o Mestre, a fim de que tivessem forças para o testemunho, o sublime
holocausto da própria vida.
É chegada a hora de se
atender à proposta de Bezerra de Menezes em seu projeto de União e de
Unificação. Reunir os Espíritas sérios para o estudo das obras de Allan Kardec
e para o trabalho no bem em espírito de equipe e, juntos, falarem a mesma
“língua”, utilizando-se dos princípios da Doutrina Espírita.
REFERÊNCIA:
FRANCO, Divaldo. Perturbações Espirituais. (Manoel
Philomeno de Miranda). Salvador, BA: LEAL, 2015
KARDEC, A. O livro dos Médiuns trad. Evandro Noleto
Bezerra 2.ed. Brasília, DF: FEB, 2013.
RIBEIRO DA SILVA, SAULO C. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao
evangelho segundo Mateus. Brasília, DF: FEB, 2014.
XAVIER. F. Cândido
(Emmanuel) Paulo e Estêvão 45. ed.
Brasília, DF: FEB, 2017.