quinta-feira, 5 de março de 2020

AMOR e TEMOR



Emmanuel, segundo Clóvis Tavares, é o nobre Espírito responsável por um grande trabalho missionário, sendo o guia espiritual do médium Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Com uma alma profundamente possuída de espírito evangélico, esse guia espiritual tem ditado inúmeras mensagens em forma de amparo espiritual, conforto e esclarecimento a todas as almas aflitas e torturadas, atendendo sempre com inefável doçura as almas necessitadas que o procuram.
Dentre os livros deixados por Emmanuel, sob as mãos abençoadas do médium Chico Xavier encontra-se o livro “Palavras de Vida Eterna”, com elucidativas mensagens evangélicas, as quais pode-se destacar a de número quatro, com o título “Amor e Temor”.
Emmanuel classifica o amor humano de imperfeito amor, porque ainda exige salários de gratidão, ou ainda, isola-se no atendimento particular de carinho, reclamando entendimento.
Ele esclarece que o verdadeiro amor é aquele que tudo ilumina e a todos se estende sem distinção. É a esse amor que se deve aprender a prestar culto.
Muitas vezes chama-se de amor aquele que procura o gozo próprio no concurso do outro. Esse, segundo o autor, é o amor egoísta disfarçado, aquele que busca a si mesmo no outro e que pode se transformar em temor, quando cheio de exigências e ciúme, crueldade e desespero. Amar assim, ao invés de sentir a alma leve e plena, leva ao despenhadeiro da amargura e da frustração.
O perfeito amor, traçado pelo Pai Celeste, como rota de aprimoramento e evolução das almas, é aquele que entende e ajuda, abençoa e sustenta sempre corações queridos, no afã da luta diária.
O desejo de ser ardentemente querido e auxiliado pelos outros constantemente, num sentimento de amor incompleto é resultante do medo.
Saber amar é desenvolver a abnegação, a ternura, a esperança incansável e o serviço incessante para que o bem vença, sabendo que se é tutelado do amor perfeito, se é amado, e muito, pelo amor equilibrado e perfeito de Jesus, o amor encarnado na Terra.
Há uma força divina erguendo a todos, e triunfa sempre, retirando as almas desgarradas, dos abismos onde se perderam, rumo aos cimos da luz.
Espíritos da envergadura de Emmanuel trazem a esperança à Terra, a certeza da continuidade da vida, da nova chance para os recalcitrantes e a fé no Deus amor perfeito, nas citações de Jesus, em sua história lúcida de amor constante.
Conforme anotado na primeira carta de João (I Jo, 4:18): “o perfeito amor lança fora o temor”. Aprender a amar e não temer a ternura, nem o bem, é o único sentido da vida.
Que as mensagens de Emmanuel trazendo novamente o Evangelho de Jesus seja o esteio para que o amor, semeado no coração de cada ser humano, encarnado ou desencarnado, predomine e o bem vença sempre, nesse mundo, rumo à regeneração.
REFERÊNCIA:
TAVARES, C. Amor e Sabedoria de Emmanuel 5. ed. Araras, S.P: IDE, 1985.
XAVIER, C. (Emmanuel) Palavras de Vida Eterna 40. ed. Uberaba, MG: Comunhão Espírita Cristã, 2017.






segunda-feira, 2 de março de 2020

Um Olhar Sobre a Obsessão



Manoel Philomeno de Miranda, desencarnado em 1942, foi um destacado trabalhador do Movimento Espírita, mormente na Federação Espírita do Estado da Bahia. Trabalhador atuante na área de desobsessão, continuou suas pesquisas nessa área, após a sua desencarnação.
Desde a década de 1970 o Espírito de Miranda tem trazido, sob a psicografia de Divaldo Pereira Franco, também baiano, livros a respeito do tema obsessão e desobsessão para orientação dos interessados em continuar suas pesquisas.
Em seu livro Grilhões Partidos o autor afirma que o homem vem sofrendo de uma alienação obsessiva, padecendo de tormentos íntimos oriundos do fundo da alma. Embora os casos estejam aumentando, a ciência tradicional continua negando a possibilidade de uma interferência espiritual na etiopatogenia de algumas enfermidades mentais.
Segundo o autor, grande quantidade de pessoas classificadas como loucas, são, na verdade, obsedadas expungindo faltas e crimes cometidos no passado. São defraudadores dos dons da vida que retornam jungidos àqueles que infelicitaram, enganaram, abandonaram, mas dos quais não se conseguiram libertar.
“Atados mentalmente aos gravames cometidos, construíram as algemas a que se aprisionam, em vinculação com os que supunham ter destruído”. (FRANCO, 2019, p. 9)
Muito antes de Philomeno de Miranda, Kardec já havia advertido (O Livro dos Médiuns, cap. 23) sobre o assunto, classificando obsessão como o domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas, sendo praticada unicamente por Espíritos inferiores. Esses Espíritos agarram-se àqueles a quem podem aprisionar.
Kardec também apresentou três variedade de obsessão: a simples, a fascinação e a subjugação.
Kardec chamou de obsessão simples aquela em que um Espírito malfazejo se impõe de forma persistente sobre um indivíduo. No caso da obsessão por fascinação o Espírito produz uma ilusão sobre o pensamento do indivíduo, paralisando a sua capacidade de julgamento e expondo-o, muitas vezes, ao ridículo em suas observações. A terceira, a subjugação, paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir contra a sua vontade, fica sob o jugo do obsessor.
As causas da obsessão são muitas, pode ser por vingança, desejo de fazer o mal, ódio ou inveja do bem, aproveitamento da fraqueza moral dos indivíduos dentre outras.
As obsessões só acontecem por causa da inferioridade moral dos habitantes do planeta. A ação maléfica desses Espíritos, segundo Kardec (A Gênese cap. 14) faz parte dos flagelos com que a humanidade se debate neste mundo. É um tipo de expiação a que todos estão sujeitos, já que decorre sempre de uma imperfeição moral.
Suspeitando dessa possibilidade Kardec pergunta na questão 459 de O Livro dos Espíritos: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?” A que os Espíritos respondem: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.
Surpreso com a resposta, Kardec questiona ainda (q. 466): Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal? E obtém como resposta: “Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem (...) Desde que sobre ti atuam influências más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejas praticá-lo”.
Os Espíritos explicam, então, que Deus permite o processo obsessivo como prova experimental e cabe a cada um, usando do seu livre-arbítrio repelir sua influência.
Yvonne do Amaral Pereira, desencarnada em 1984, em seu livro Recordações da Mediunidade, destaca o assunto obsessão como um dos mais belos estudos da Doutrina Espírita e sugere que a pesquisa envolvendo obsessões, obsessores e obsidiados, deveria ser uma especialidade entre os Espíritas.
Segundo a autora, assim como existem médicos pediatras, oftalmologistas etc., também deveriam existir Espíritas especializados nos casos de tratamento de obsessões, com dedicação exclusiva a tal particularidade da Doutrina.
No livro citado a médium narra vários casos de obsessões, bem como, o tratamento a eles despendidos. No entanto faz um alerta:
“Tantas são as modalidades, as espécies de obsessão que se nos têm deparado durante o nosso longo tirocínio de Espírita e médium que, certamente, para examiná-las todas, na complexidade das suas manifestações e origens, precisaríamos organizar um compêndio”. (PEREIRA, 2009 p.210).
Em outro livro intitulado Perturbações Espirituais (FRANCO e MIRANDA), em seu primeiro capítulo uma Veneranda Senhora (Espírito Superior) faz um alerta sobre a obsessão coletiva que se instalou na Terra, principalmente sobre os Centros Espíritas sérios e, ao mesmo tempo, chama a atenção dos Espíritas para com o seu comportamento, muito terreno e pouco espiritualizado. Pede oração e muita vigilância, estudo e perseverança no bem.
O oitavo capítulo desse livro inicia-se com a narrativa do autor Philomeno de Miranda sobre as reflexões de Bezerra de Menezes:
“Para onde nos dirigimos sempre defrontamos a beleza da Criação, os sinais de Deus que não estão apenas nos astros, mas em toda parte, seja no minúsculo grão de areia, na florzinha delicada, no inseto leve e quase insignificante, assim como na glória estelar, nas incontáveis galáxias”.
Em todo lugar a divina harmonia mantendo a ordem e o equilíbrio, cabendo a cada um, segundo Bezerra, a necessidade de manter essa harmonia para que a vida se manifeste no planeta, organizando os pensamentos à conduta ético-moral, modificando a psicosfera densa da Terra, que ainda é portadora de miasmas pestilentos, de que se nutrem as multidões infelizes desencarnados que lhe permanecem imantados, propiciando as obsessões complexas.
Relatando uma reunião de desobsessão, o autor apresenta uma informação do obsessor em forma de ameaça:
“Estamos fixados em um programa de lenta extinção da atividade do Consolador que vocês dizem representar. Este é o momento da Ciência e do poder social, econômico (...). Em toda parte, temos interferido para que a mentalidade humana se aproveite dos favores do conhecimento tecnológico para o prazer até a exaustão. Enganados e atormentados pelos desejos infrenes, estimulamos a sociedade fútil à fruição de tudo quanto possa, pouco importando os princípios éticos, morais. Gozar é a nova ordem, porém, gozar hoje, porque amanhã talvez seja tarde demais (grifo nosso).
E não é esse o comportamento da sociedade atual, o hedonismo a qualquer preço? Por isso a importância do estudo desse livro, para mostrar que os obsessores não estão brincando e que não se deve “brincar com a vida”, principalmente os Espíritas, que possuem todo esse conhecimento.
 Ao final do livro o Espírito que se apresentou com o nome de irmão Elvídio faz o seguinte alerta:
“Ontem possuíamos o circo, as feras, o empalamento, as fogueiras, as cruéis técnicas da impiedade impondo-nos abjurar a crença em Jesus (...). Agora, os verdadeiros cristãos enfrentam situações mais desafiadoras, embora não tão dolorosas: as distrações e desvios de conduta tornados estímulos de vida, comodidades e liberação dos costumes em atração mortal para os abismos dos vícios e da criminalidade, promiscuidade moral e ausência de afetividade, solidão e falta de companheirismo saudável”.
“Por outro lado, as interferências espirituais negativas fazem-se muito mais perigosas, em razão do intercâmbio entre encarnados e desencarnados, em alta intensidade, por causa dos fatores em jogo, mais atraentes para o prazer até a exaustão dos sentidos”.
O autor concita os Espíritas à tarefa de advertir aos incautos que o túmulo não é a porta final da dissolução da vida e, mais ainda, fazer de seus exemplos de dignidade e perseverança nos propósitos elevados a demonstração das próprias informações, que lhes proporcionam bem-estar e alegria nesta época de enfrentamentos evolutivos, sem ressentimentos nem desânimo.
O importante é lembrar sempre que somente a claridade do amor e do perdão conseguem partir os grilhões e libertar os que se encontram presos uns aos outros por processos obsessivos. Amemos, pois, esse é único Caminho, Verdade e Vida: Jesus.
REFERÊNCIA
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos (trad. Guillon Ribeiro) 93. ed. Brasília, DF:FEB, 2013.
___________ O Livro dos Médiuns (trad. Evandro N. Bezerra) 2. ed. Brasília, DF: FEB, 2013a.
___________ A Gênese (trad. Evandro N. Bezerra) 2. ed. Brasília, DF: FEB, 2013b.
FRANCO, DIVALDO P. (Manoel P. Miranda, Espírito) Perturbações Espirituais Salvador, BA: LEAL, 2015.
___________________________________________ Grilhões Partidos 16. ed. Salvador, BA: LEAL, 2019.
PEREIRA, YVONNE A. Recordações da Mediunidade 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 209.



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A história de Estêvão no Evangelho começa com um diálogo entre os discípulos de Jesus que continuaram seu trabalho atendendo aos mais necess...