Antes de se falar em doença é
necessário conceituar saúde. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde) o
conceito de saúde diz respeito ao completo bem-estar físico, mental e social e
não apenas a ausência de doença ou enfermidade.
Joanna de Ângelis, sob a
psicografia de Divaldo Franco, apresenta em seu livro “O Homem Integral” um
capítulo sobre esse tema. Segundo a veneranda benfeitora a sociedade atual
encontra-se enferma e, com isso, o indivíduo encontra-se perturbado e
desajustado, desequilibrando o próprio grupo onde está inserido, engendrando um
processo recursivo.
As enfermidades de ordem
psicológica, como depressão e síndrome do pânico têm sido recorrentes, levando,
inclusive, a ideações suicidas.
A autora atribui esses tipos
de doenças contemporâneas ao homem moderno que teima em ignorar-se,
comportando-se de forma desorganizada, deixando que a vida e os acontecimentos
o conduzam, ao invés de tomar o leme da sua vida e se tornar sujeito dela, de
forma consciente.
Ela chama a atenção sobre os
comportamentos atuais como frutos de reencarnações passadas, quando o indivíduo
pode ter se desorganizado interiormente. Sendo assim, nasce nessa atual
existência com matrizes impressas em seu inconsciente. Essas matrizes podem se
exteriorizar em dissociações e fragmentações da personalidade, alucinações,
neuroses e psicoses.
Ela acrescenta, ainda, que o
homem, ao perder seu referencial de existência, passou a procurar por sensações
de prazer fugidio, posses, atribuindo o seu triunfo a condição de amealhar
coisas materiais.
Joanna afirma, também, que a
saúde psicológica decorre da autoconsciência, da libertação íntima e da visão
equilibrada sobre a vida, as necessidades éticas, emocionais e humanas.
Na falta desse
autoconhecimento, o homem tem buscado uma fuga para o consumismo, de uma forma
neurótica, como uma maneira de disfarçar o seu desajustamento e enredando para
situações patológicas.
Muitas vezes essa fuga diz respeito
ao fato de o homem não conseguir aceitar o outro, porque, no fundo não está
aceitando a si mesmo. Não se conhece, não se conduz convenientemente. Ele arroja-se
a um espirito altamente competitivo e neurótico, com o objetivo de obter
riquezas, ao invés de experimentar a cooperação e a solidariedade que o conduzirão
à paz e à humanização da sociedade.
A competição, por sua vez, pode
ser um ato saudável, desde que vise o crescimento pessoal e a superação de suas
próprias dificuldades. O que Joana adverte é em relação àquela competição que
derruba o outro, a qual classifica como um comportamento neurótico,
inconformista e invejoso, revelando insegurança no relacionamento social.
Devido a esses comportamentos
neuróticos, o homem apresenta-se desgastado, sem resistência orgânica, somatizando
ideias negativas sobre a vida, que abrem campo a diferentes enfermidades.
Essa somatização acontece
porque a consciência, segundo a autora, é um fator extrafísico, não produzido
pelo cérebro, e sim por uma energia pensante que preexiste e sobrevive ao corpo
físico. Aos poucos, através das reencarnações sucessivas, vai se adquirindo
conhecimentos e sentimentos, num processo evolutivo e crescente.
Desta feita a doença passa a
ser, então, um efeito de distúrbios profundos no campo dessa energia pensante
que pode ser chamada de Espírito. Assim, só existem doenças, porque há doentes.
Ainda mesmo que a Ciência
consiga solucionar problemas relacionados a patologias graves, descobrindo
recursos e terapêuticas apropriadas, sempre surgirão novas doenças, como
desafios ao homem, permitindo-lhe as conquistas verdadeiras e definitivas, que
são as conquistas morais.
Joanna alerta, ainda, que as
tensões, frustrações, vícios, ansiedades, fobias oportunizam distonias
psíquicas que, somatizadas, apresentam problemas orgânicos, surgindo tormentos
mentais e emocionais.
Portanto, a vibração mental do
homem é responsável pelo seu equilíbrio, quer seja de forma consciente ou mesmo
inconsciente, lembrando sempre que dentro de cada indivíduo existem recursos
divinos que devem ser exteriorizados. Cabe a ele equilibrar pensamentos e
sentimentos, avançando no progresso horizontal, (dos conhecimentos), mas também
no vertical (da ética), visando à espiritualização.
À sociedade, como detentora do
poder, cabe oferecer por meio da fraternidade, do equilíbrio, da justiça social
e dos deveres humanos, um solidário empenho pela promoção dos indivíduos, sem
exceção, sem exclusão e sem discriminação.
Joanna propõe ao homem
contemporâneo que adquira o hábito da reflexão sobre a própria vida, valorizando
a convivência familiar e os amigos, aproveitando a concessão dessa vida para
fazer o seu melhor para si e para os outros.
Recomenda, também, que esse
homem seja mais comedido, agindo com sensatez e tranquilidade, confiando em
seus reais valores e possibilidades como regras de saúde integral, visando à
harmonia pessoal.
Joanna conclui dizendo que
cabe ao homem passar a considerar a própria imortalidade e começar a trabalhar
com projetos duradouros em detrimento das ilusões temporárias, tendo certeza do
futuro e começando a vivenciá-lo desde já, empenhado tão somente no seu programa
de conscientização espiritual.
REFERÊNCIA
FRANCO, D. P. (Joanna de
Ângelis) O Homem Integral 23. ed. Salvador, BA: LEAL, 2018 (série
psicológica, vol. 2)