sexta-feira, 8 de maio de 2020

DOENÇAS CONTEMPORÂNEAS


Antes de se falar em doença é necessário conceituar saúde. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde) o conceito de saúde diz respeito ao completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.  
Joanna de Ângelis, sob a psicografia de Divaldo Franco, apresenta em seu livro “O Homem Integral” um capítulo sobre esse tema. Segundo a veneranda benfeitora a sociedade atual encontra-se enferma e, com isso, o indivíduo encontra-se perturbado e desajustado, desequilibrando o próprio grupo onde está inserido, engendrando um processo recursivo.
As enfermidades de ordem psicológica, como depressão e síndrome do pânico têm sido recorrentes, levando, inclusive, a ideações suicidas.
A autora atribui esses tipos de doenças contemporâneas ao homem moderno que teima em ignorar-se, comportando-se de forma desorganizada, deixando que a vida e os acontecimentos o conduzam, ao invés de tomar o leme da sua vida e se tornar sujeito dela, de forma consciente.
Ela chama a atenção sobre os comportamentos atuais como frutos de reencarnações passadas, quando o indivíduo pode ter se desorganizado interiormente. Sendo assim, nasce nessa atual existência com matrizes impressas em seu inconsciente. Essas matrizes podem se exteriorizar em dissociações e fragmentações da personalidade, alucinações, neuroses e psicoses.
Ela acrescenta, ainda, que o homem, ao perder seu referencial de existência, passou a procurar por sensações de prazer fugidio, posses, atribuindo o seu triunfo a condição de amealhar coisas materiais.
Joanna afirma, também, que a saúde psicológica decorre da autoconsciência, da libertação íntima e da visão equilibrada sobre a vida, as necessidades éticas, emocionais e humanas.
Na falta desse autoconhecimento, o homem tem buscado uma fuga para o consumismo, de uma forma neurótica, como uma maneira de disfarçar o seu desajustamento e enredando para situações patológicas.
Muitas vezes essa fuga diz respeito ao fato de o homem não conseguir aceitar o outro, porque, no fundo não está aceitando a si mesmo. Não se conhece, não se conduz convenientemente. Ele arroja-se a um espirito altamente competitivo e neurótico, com o objetivo de obter riquezas, ao invés de experimentar a cooperação e a solidariedade que o conduzirão à paz e à humanização da sociedade.
A competição, por sua vez, pode ser um ato saudável, desde que vise o crescimento pessoal e a superação de suas próprias dificuldades. O que Joana adverte é em relação àquela competição que derruba o outro, a qual classifica como um comportamento neurótico, inconformista e invejoso, revelando insegurança no relacionamento social.
Devido a esses comportamentos neuróticos, o homem apresenta-se desgastado, sem resistência orgânica, somatizando ideias negativas sobre a vida, que abrem campo a diferentes enfermidades.
Essa somatização acontece porque a consciência, segundo a autora, é um fator extrafísico, não produzido pelo cérebro, e sim por uma energia pensante que preexiste e sobrevive ao corpo físico. Aos poucos, através das reencarnações sucessivas, vai se adquirindo conhecimentos e sentimentos, num processo evolutivo e crescente.
Desta feita a doença passa a ser, então, um efeito de distúrbios profundos no campo dessa energia pensante que pode ser chamada de Espírito. Assim, só existem doenças, porque há doentes.
Ainda mesmo que a Ciência consiga solucionar problemas relacionados a patologias graves, descobrindo recursos e terapêuticas apropriadas, sempre surgirão novas doenças, como desafios ao homem, permitindo-lhe as conquistas verdadeiras e definitivas, que são as conquistas morais.
Joanna alerta, ainda, que as tensões, frustrações, vícios, ansiedades, fobias oportunizam distonias psíquicas que, somatizadas, apresentam problemas orgânicos, surgindo tormentos mentais e emocionais.
Portanto, a vibração mental do homem é responsável pelo seu equilíbrio, quer seja de forma consciente ou mesmo inconsciente, lembrando sempre que dentro de cada indivíduo existem recursos divinos que devem ser exteriorizados. Cabe a ele equilibrar pensamentos e sentimentos, avançando no progresso horizontal, (dos conhecimentos), mas também no vertical (da ética), visando à espiritualização.
À sociedade, como detentora do poder, cabe oferecer por meio da fraternidade, do equilíbrio, da justiça social e dos deveres humanos, um solidário empenho pela promoção dos indivíduos, sem exceção, sem exclusão e sem discriminação.
Joanna propõe ao homem contemporâneo que adquira o hábito da reflexão sobre a própria vida, valorizando a convivência familiar e os amigos, aproveitando a concessão dessa vida para fazer o seu melhor para si e para os outros.
Recomenda, também, que esse homem seja mais comedido, agindo com sensatez e tranquilidade, confiando em seus reais valores e possibilidades como regras de saúde integral, visando à harmonia pessoal.
Joanna conclui dizendo que cabe ao homem passar a considerar a própria imortalidade e começar a trabalhar com projetos duradouros em detrimento das ilusões temporárias, tendo certeza do futuro e começando a vivenciá-lo desde já, empenhado tão somente no seu programa de conscientização espiritual.
REFERÊNCIA
FRANCO, D. P. (Joanna de Ângelis) O Homem Integral 23. ed. Salvador, BA: LEAL, 2018 (série psicológica, vol. 2)



terça-feira, 5 de maio de 2020

Anda com Fé!


“Será bastante que eu toque o seu manto e ficarei curada”. Jesus, voltando-se e vendo-a, disse-lhe:” Ânimo, minha filha, tua fé te salvou”. Desde aquele momento, a mulher foi salva. (Mt 9:21, 22)
Pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível. (Mt 17:20)
Fé. Que força é essa capaz de curar doenças e de transportar montanhas? E se essa força está no ser humano, por que é tão pouco praticada para mudar o mundo?
Com a palavra, o Sr. Allan Kardec:
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec dedica um capítulo inteiro, o XIX, para discorrer sobre o assunto. Segundo o autor, “a fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes.”
E continua:
“A fé significa a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha com absoluta segurança”.
O pedagogo francês vai explicar, racionalmente, como a força da fé atua, acrescentando a questão do fluido cósmico universal, substância que a tudo preenche no universo:
“O poder da fé se demonstra na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente como prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural”.
Kardec esclarece também que essa fé precisa ser desenvolvida, conquistada em cada existência:
“Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram. As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a educação feita; as segundas tudo têm a aprender: estão com a educação por fazer”.
Ainda nesse mesmo capítulo XIX o Espírito José vai explicar que a “fé tem de ser ativa”; “a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem”; “é a base da regeneração”; “a fé sincera é empolgante e contagiosa”;  e adverte que não se deve admitir a fé sem comprovação: “amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas”.
Um outro Espírito complementa dizendo:  
“A fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem por a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas”.
Emmanuel, o benfeitor de Chico Xavier, se expressa poeticamente em seu livro Pensamento e Vida, cap. 6, sobre a fé:
“É força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus que é a Sabedoria da própria vida. Palpita em todos os seres, vibra em todas as coisas. Mostra-se no cristal fraturado que se recompõe, humilde, e revela-se na árvore decepada que se refaz, gradativamente, entregando-se às leis de renovação que abarcam a natureza”.
Cabe a cada um seguir na vida com o espelho da mente voltado para o bem. A ação no bem, com fé no porvir, torna as pessoas mais belas, úteis e com vontade de viver e servir mais e mais. Aprendendo com o cristal, que só é belo porque se deixa transpassar pela luz, como afirmou o professor Regis de Morais “quem opta pela opacidade não pode, como o cristal, enriquecer a luz que o atravessa”.
Emmanuel em outro livro (Palavras da vida eterna) apresenta no capítulo 162 a seguinte orientação: “bastas  vezes, as dificuldades na concretização de um projeto elevado se nos afiguram inamovíveis (...) há circunstâncias, nas quais o problema com que somos defrontados, numa questão construtiva, é julgado insolúvel (...). Mas Deus interfere e desponta uma luz. Por mais áspera a crise, por maior a consternação, não percas o otimismo e trabalha, confiante.
Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, em seu livro O Homem Integral explica o porquê de muitos perderem a fé atualmente:
Em relação ao comportamento humano “adota-se uma fórmula religiosa sem que se viva de forma equânime dentro dos cânones da religião. É a experiência da religião sem religiosidade, da aparência social (...). o conceito de Deus se perde na complexidade das fórmulas vazias do culto externo, e a manifestação da fé íntima desaparece diante das expressões ruidosas, destituídas dos componentes espirituais da meditação, da reflexão, da entrega. Disso resulta uma vida esvaziada de esperança, sem convicção de profundidade, sem natureza espiritual.
A palavra fé, tanto diz respeito ao acreditar, de acordo com a etimologia grega pisti, quanto o se entregar, ser fiel, obedecendo ao significado etimológico latino “fides” (fidelidade). Acreditar e se entregar, esse o significado da fé, que deve ser colocado em prática.
Com o advento do Iluminismo no século XVIII, o homem lutou para se libertar da fé dogmática, imposta pela religião, voltando-se para a razão, com a  esperança na ciência iniciante, que lhe prometia dar todas as repostas para as situações da vida. Porém, embora a ciência venha evoluindo ao longo dos séculos, não consegue responder a todas as questões, frustrando o homem e lhe fazendo perder a fé.
A fé transcende a matéria e a ciência, é inerente ao Espírito em ascensão, em evolução moral.
Sem fé em algo maior, em uma força superior, a força do Amor exemplificada por Jesus, fica difícil viver. Regis de Morais afirma que “estamos morrendo de inanição por falta do sagrado”. Morre-se pouco a pouco, à medida em que a fé se esvai, como uma chama que aos poucos vai se apagando e, ao se apagar, vem o frio, a escuridão, o abandono, o medo.
Na situação em que se encontra o mundo, perder a fé é perder a única tábua de salvação em meio a um oceano de dúvidas, frente à invasão desse invisível ser que está modificando hábitos, reacendendo esperanças, e desvelando caráter.
É preciso lembrar dos primeiros mártires cristãos que entravam na arena cantando, como prova de fé, e caminhar na vida com essa mesma canção de fé, esperança e praticando a caridade sempre. 
REFERÊNCIA
BÍBLIA DE JERUSALÉM São Paulo: Paulus, 2012.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo 131 ed. Trad. Guillon Ribeiro Brasília, DF: FEB, 2013.
FRANCO, D. P. (Joanna de Ângelis) O Homem Integral 23. ed. Salvador, BA:LEAL, 2018 (Série Psicológica, vol. 2).
MORAIS, R. Espiritualidade e Educação Campinas, SP: Centro Espírita Allan Kardec, 2002.
XAVIER, F. C. (Emmanuel) Pensamento e Vida 19. ed. Brasília, DF: FEB, 2017
______________________ Palavras da Vida Eterna 40. ed. Brasília, DF: FEB, 2017a





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