quarta-feira, 26 de agosto de 2015

AFABILIDADE E DOÇURA



A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é necessário fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o veniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não é senão máscara para o exterior, uma roupagem cuja forma premeditada esconde as deformidades ocultas! O mundo está cheio dessas pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são brandas, contanto que nada as machuque, mas que mordem à menor contrariedade, cuja língua, dourada quando falam face a face, se transmuda em dardo envenenado, quando estão por detrás.
A essa classe pertencem ainda esses homens benignos por fora e que, tiranos domésticos, fazem sofrer, sua família e seus subordinados, o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como querendo-se compensar do constrangimento que se impuseram alhures; não se atrevendo a usar de autoridade sobre estranhos que os recolocariam em seu lugar, eles querem ao menos ser temidos por aqueles que não podem resistir-lhes; sua vaidade alegra-se de poder dizer: “Aqui eu mando e sou obedecido”; sem pensar que poderiam acrescentar com mais razão: “E sou detestado”.
Não basta que dos lábios gotejem leite  e mel, pois se o coração nada tem com isso, há hipocrisia.  Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, nunca se contradiz; é o mesmo diante do mundo e na intimidade; ele sabe, aliás, que se pode enganar os homens, pelas aparências, não pode enganar a Deus. 
(Lázaro, Paris, 1861).


EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAP IX – Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos.

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