sexta-feira, 13 de março de 2020

A CATALEPSIA E A LETARGIA, SOB O OLHAR DE YVONNE A. PEREIRA



Falar sobre mediunidade é um tema que não se esgota e, para isso, nada melhor do que trazer para a discussão a grande médium brasileira Yvonne A. Pereira e seu guia-mor Adolfo Bezerra de Menezes, que, juntos, escreveram o célebre livro: Recordações da Mediunidade.
A médium em questão solicitou autorização da Espiritualidade superior para escrever o livro e foi orientada que escrevesse sobre si mesma e tudo o que passou para ser um obediente instrumento mediúnico; por isso o livro diz respeito às confidências de uma médium ao final de sua jornada.
Recordações da mediunidade traz o amargor das lágrimas que chorou durante suas provações, as humilhações que a acompanharam em toda a sua existência e o quanto a Doutrina Espírita a consolou e remediou, nas palavras da autora.
Em todo o relato de suas experiências a médium procurou embasar-se nos ensinamentos que os Espíritos revelaram a Allan Kardec, pois considerava-se um testemunho vivo do valor do Espiritismo na recuperação de uma alma para si mesma e para Deus, chegando a afirmar que, sem essa Doutrina, que conheceu desde o nascimento, não teria vencido suas lutas.
Sua faculdade mediúnica se desdobrou em todos os setores da prática espírita, suportando dores morais, ininterruptamente renovadas durante o longo exercício da mediunidade.
A médium sofreu um processo de catalepsia ou letargia, melhor dizendo, quando tinha 29 dias de vida, sendo quase enterrada viva, não fossem as preces de sua mãe à Maria, mãe de Jesus. Assim, ela começa a escrever o livro explicando esse processo.
“A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda inexplicada”. (PEREIRA, 2009, p. 12)
Na letargia a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo a aparência de morte; na catalepsia pode atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo.
No livro em questão, Bezerra de Menezes traz uma longa explicação a respeito do processo.
Segundo esse benfeitor, ao se estudar o processo tanto da catalepsia, quanto da letargia, a ciência psíquica e a Doutrina Espírita podem tirar grandes ensinamentos e revelações em torno da alma humana, podendo, inclusive, curá-las ou mesmo evitá-las, embora não seja objeto de estudo das ciências médicas.
Bezerra de Menezes afirma que ambas, catalepsia e letargia, não são doenças, mas uma faculdade mediúnica, ainda incompreendida. E por não serem compreendidas e estudadas é que, comumente, são exploradas pela mistificação e pela obsessão de inimigos invisíveis, degenerando para um estado mórbido do perispírito.
O que ocorre durante o processo é uma neutralidade do fluido vital, resultando no estado de anestesia geral ou parcial, quando a perda da sensibilidade faz com que se apresentem todos os sintomas da morte.
Bezerra chama a atenção para o fato de que, ao ser feito um tratamento psíquico adequado, essa faculdade poderá fornecer aos estudiosos pesquisadores, um vasto campo de elucidação científica-transcendental.
Em relação ao tratamento nas Casas Espíritas, constata-se que o cultivo dessa mediunidade, proporcionando o contacto das correntes vibratórias magnéticas constantes, e o suprimento das forças vitais próprias dos fenômenos mediúnicos mais conhecidos, será possível corrigir esse processo, podendo até, ser orientado para fins dignificantes a bem da evolução do seu possuidor e da coletividade, alertou Dr. Bezerra.
Os passes e a intervenção oculta dos mestres da Espiritualidade, têm evitado que a catalepsia e a letargia se propaguem entre os homens com feição de calamidade. Um evento que nada tem de novo, tendo em vista que no Evangelho é possível identificá-lo na ressurreição de Lázaro (Jo,11:1-44), na filha de Jairo (Mc 5:21-43) e na viúva de Naim (Lc 7:11-17).
O perispírito age como reservatório de forças vitais e os laços magnéticos são os agentes transmissores que suprem a organização física, se esse encontra-se desequilibrado e as ligações, frágeis, mais facilmente o processo cataléptico se instala.
“Enquanto o homem não se integrar de boa mente na sua condição de ser divino, vibrando satisfatoriamente no âmbito das expansões sublimes da Natureza, mecanicamente estará sujeito a esse e demais distúrbios”. (PEREIRA, 2009, p.17)
A catalepsia e a letargia como faculdades mediúnicas, não têm a ver com a inferioridade do indivíduo que a possui. Sendo assim, as mesmas podem ser direcionadas para prestarem excelentes serviços à causa do bem, tais como as demais faculdades mediúnicas. Porém, tanto nas manifestações úteis, quanto nas prejudiciais, a mente, o pensamento e a vontade do médium não estão isentas de responsabilidade.
Entendendo-se que o transe mediúnico ocorre devido a um afastamento parcial do perispírito do encarnado, é comum acontecer no período de repouso noturno, sem que o médium o perceba. No entanto, existem encarnados que, senhor de suas próprias vibrações, poderá cair em transe letárgico ou cataléptico, voluntariamente, alçar-se ao Espaço e desfrutar do convívio dos amigos espirituais, dedicar-se a estudos profundos, colaborar com o bem e depois voltar ao corpo carnal, reanimado e apto a excelentes realizações.
Outrossim, homens que ainda não atingiram tal mister, podem cair em transe, mas conviver com entidades espirituais inferiores e retornar obsidiados, predispostos a maus atos e até inclinados ao homicídio ou ao suicídio, causando um distúrbio vibratório.
Um alcoólatra, por exemplo, poderá, segundo o autor espiritual, renascer propenso à catalepsia porque o álcool lhe viciou as vibrações, anestesiando-as, o mesmo para usuários de outras drogas, que são considerados suicidas involuntários, do outro lado.
Independente da causa, o tratamento é o mesmo: a renovação mental, a qual pode influir poderosamente no sistema de vibrações nervosas, sem esquecer que tudo isso faz parte de uma expiação, sendo um efeito grave, por consequência de uma falta grave.
O fenômeno da letargia tem ação benéfica muito mais no plano espiritual, trazendo o paciente, ao despertar, intuições, instruções para serem aplicadas no plano terreno. São orientações que ocorrem no plano espiritual que conduzem sábios e gênios a concluírem o que foi programado em sua existência, uma pesquisa, um projeto, uma missão, não se tratando de privilégios.
Provoca-se esse fenômeno sob ação magnética, anestesiando as forças vibratórias até ao estado agudo, e anulando os fluidos vitais, daí a morte aparente, por ter suspendio sua sensibilidade e as correntes de comunicação com o corpo carnal.
Mesmo acontecendo de forma espontânea, há um agente espiritual provocando-o, independentemente de sua categoria, se elevada ou inferior, o que seria um processo de obsessão.
Se se tratar de obsessão é necessário evangelizar o paciente, possibilitando sua transformação moral, orientando-o sob as normas espíritas, até florescer nos campos mediúnicos.
É preciso observar, estudar e analisar os fatos espíritas, aprofundando-se em torno dos fenômenos e ensinamentos apresentados pela ciência transcendente, a ciência imortal, que exige verdadeiras atenções do senso e da razão, segundo o venerável Bezerra de Menezes.
Por mais que se leia a respeito, o que realmente se conhece sobre mediunidade são seus efeitos, nada se sabe onde é possível chegar no seu intricado mistério, exigindo constante pesquisa de pessoas sérias e comprometidas com a causa Espírita.
Assim começa a primeira parte desse livro extraordinário “Recordações da Mediunidade”, escrito por uma médium não menos extraordinária, Yvonne do Amaral Pereira. Bem-vindo (a) ao primeiro capítulo. Boa leitura.
REFERÊNCIA
PEREIRA, Y. A. Recordações da Mediunidade 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.


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